Nos últimos 4 anos, as taxas para financiar imóvel caíram pela metade no país, acompanhando a queda dos juros básicos que, depois de vários cortes seguidos estão hoje no menor patamar da história.
A pandemia tem imposto perdas históricas à economia de todos os países. Mas, no Brasil, um setor tem conseguido aumentar vendas e até recuperar parte dos empregos.
Ainda não é a casa própria. O apartamento, financiado em março, chega daqui a dois anos. O porteiro Francisco Moreira de Lima vai sair do aluguel: “A gente tem que batalhar, né? Aluguel é que nem dinheiro de fralda, é um dinheiro que não tem volta”.
A maior procura por imóveis também fez crescer os empregos da construção civil. Enquanto o Brasil fechou 10.984 vagas com carteira assinada em junho, o setor da construção civil criou mais de 17.000 novos empregos.
Nos últimos quatro anos, as taxas para financiar imóvel caíram pela metade no país, acompanhando a queda dos juros básicos que, depois de vários cortes seguidos, estão hoje no menor patamar da história. Isso tem encorajado muita gente a sair do aluguel para comprar a casa própria. Apesar da crise econômica provocada pela pandemia, os financiamentos de imóveis feitos com recursos da poupança cresceram quase 30% no primeiro semestre de 2020.
Uma conta que muita gente está fazendo, diz o economista Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV. “Quando você compra um imóvel, você compra financiado em um prazo muito longo. Então, basicamente, o você está comprando é crédito. E quando você compra crédito, a taxa de juros tem uma influência enorme”, avalia.
O professor fez as contas. No exemplo, foi considerado o pagamento pelo Sistema de Amortização Constante, o SAC, que é o mais usado no financiamento imobiliário. A conta é para comprar um apartamento de R$ 250 mil com 80% do valor financiado a um prazo de 20 anos. Considerando a média de juros cobrados pelo mercado em 2016, o valor total pago no fim do período seria de R$ 444.660,00. Já considerando as taxas de juros cobradas hoje, esse valor caria para pouco mais de R$ 350 mil. Ou seja, uma diferença de quase R$ 91 mil.
“Quem já reunia condições de comprar imóvel, agora é uma ótima oportunidade”, avalia o economista.
Essa queda nos juros aumentou em mais de 20% os financiamentos imobiliários da Caixa. “Durante a pandemia foi o segundo setor menos impactado, só atrás do setor agrícola. E, agora já em junho, voltou a contratar. Então isso significa que milhões de empregos foram mantidos e nós entendemos que esse setor imobiliário é fundamental para o crescimento do Brasil, em especial nesse momento de pandemia”, avalia o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.